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terça-feira, 14 de outubro de 2014

Capítulo 03 - Página 02

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       Com aquilo decidido, voltou ao reservatório e se lavou. Entretanto, parecia que a sujeira já havia se impregnado permanentemente sob suas unhas e seus joelhos, então não importava o quanto jogasse água em seu corpo, nunca conseguia se livrar dela. Mas, para resfriar a cabeça, continuou jogando a água sobre sua cabeça, como algum tipo de ritual religioso.
                Logo após, se dirigiu ao cemitério, e pode ver a luz alaranjada familiar da lamparina  flutuando na escuridão da noite. Ela se aproximou com a mesma velocidade languida que sempre tinha.
                Bom, talvez ela não esteja tão brava.
                Ela não tentaria encontrá-lo se estivesse com raiva. Essa lógica simples lhe deu mais segurança.
                - Meri... – Mas quando tentou falar, ela parou, ainda longe. Ainda se sentindo culpado, Muoru tentou se aproximar.
                -...
                -...         
                Um silêncio desconfortável caiu sobre eles. Não vai ser bom se eu não puder me desculpar. Muoru tentou abrir sua boca, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Meria falou.
                - Por um tempo, não saia de noite.
                O interior de seu nariz ardeu e Muoru sentiu vontade de chutar a si mesmo por sentir-se aliviado.
                - Me desculpe. Acho que você ainda está com raiva, no fim das contas. – Disse, abaixando a cabeça de vergonha.
                - Eu não estou com raiva – Meria disse balançando a cabeça escondida no capuz.
                Pelo comportamento, ela parecia estar dizendo “Você não precisa se desculpar”.
                - Eu sinto muito. Não foi de propósito! Ocasionalmente eu acordo cedo e saio caminhar. Eu ouvi barulho de água, e isso chamou meu interesse... Sério, eu não queria encontrar você lá, mesmo assim eu vi você...
                O rosto dele ficou vermelho. Metade de suas explicações haviam se tornado murmúrios incoerentes, ao ponto onde ele mesmo não sabia o que queria dizer. Era como se tivesse a lábia de uma criança de primeira série.
                - Por favor... pelo amor de Deus... – Muoru disse, mas suas palavras desesperadas não pareceram alcançar a garota.
                - Eu não estou com raiva nem nada assim, então por favor. Apenas fique no estábulo a noite. Não saia, não importa o que aconteça. Eu estou implorando...
                Ela agarrou a borda do capuz com tanta força que a cor saiu de seus dedos. E continuou a implorar para que não saísse, sem parar.

                Então, sem uma escolha, nos dias que se seguiram Muoru voltou a cavar o buraco gigante. E a noite, gastava seu tempo no estábulo, sua mente se preocupando infinitamente enquanto encarava a parede para passar o tempo.

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