Com aquilo decidido, voltou ao reservatório e se lavou. Entretanto, parecia que a sujeira já havia se impregnado permanentemente sob suas unhas e seus joelhos, então não importava o quanto jogasse água em seu corpo, nunca conseguia se livrar dela. Mas, para resfriar a cabeça, continuou jogando a água sobre sua cabeça, como algum tipo de ritual religioso.
Logo
após, se dirigiu ao cemitério, e pode ver a luz alaranjada familiar da
lamparina flutuando na escuridão da
noite. Ela se aproximou com a mesma velocidade languida que sempre tinha.
Bom, talvez ela não esteja tão brava.
Ela
não tentaria encontrá-lo se estivesse com raiva. Essa lógica simples lhe deu
mais segurança.
- Meri...
– Mas quando tentou falar, ela parou, ainda longe. Ainda se sentindo culpado,
Muoru tentou se aproximar.
-...
-...
Um silêncio desconfortável caiu
sobre eles. Não vai ser bom se eu não puder me desculpar. Muoru tentou abrir
sua boca, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Meria falou.
- Por
um tempo, não saia de noite.
O
interior de seu nariz ardeu e Muoru sentiu vontade de chutar a si mesmo por
sentir-se aliviado.
- Me
desculpe. Acho que você ainda está com raiva, no fim das contas. – Disse,
abaixando a cabeça de vergonha.
- Eu não estou com raiva – Meria disse
balançando a cabeça escondida no capuz.
Pelo
comportamento, ela parecia estar dizendo “Você não precisa se desculpar”.
- Eu sinto muito. Não foi de propósito! Ocasionalmente eu acordo cedo e saio caminhar. Eu ouvi barulho de
água, e isso chamou meu interesse... Sério, eu não queria encontrar você lá,
mesmo assim eu vi você...
O
rosto dele ficou vermelho. Metade de suas explicações haviam se tornado murmúrios
incoerentes, ao ponto onde ele mesmo não sabia o que queria dizer. Era como se
tivesse a lábia de uma criança de primeira série.
- Por
favor... pelo amor de Deus... – Muoru disse, mas suas palavras desesperadas não
pareceram alcançar a garota.
- Eu
não estou com raiva nem nada assim, então por favor. Apenas fique no estábulo a
noite. Não saia, não importa o que aconteça. Eu estou implorando...
Ela
agarrou a borda do capuz com tanta força que a cor saiu de seus dedos. E
continuou a implorar para que não saísse, sem parar.
Então,
sem uma escolha, nos dias que se seguiram Muoru voltou a cavar o buraco
gigante. E a noite, gastava seu tempo no estábulo, sua mente se preocupando
infinitamente enquanto encarava a parede para passar o tempo.
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