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terça-feira, 14 de outubro de 2014

Capítulo 03 - Página 01


Capítulo 03 - Página 01

                O prisioneiro do cemitério cavava buracos.
                Esse era seu trabalho – seu dever.
                Os tamanhos dos buracos eram designados e marcados por quatro cortes no chão. Por algum motivo, ele só conseguira achar uma marcação.
                Talvez algum erro, pensou, enquanto olhava o chão em volta de seus pés. Mesmo assim, não conseguia encontrar outra marcação.
                Nos extremos do cemitério, as lápides ao redor não estavam arrumadas. Era muito diferente da uniformidade de um complexo de casas; aqui as covas eram colocadas esporadicamente.
                 O que isso significa?
                Colocando a pá sobre seu ombro, observou o ridículo marcador solitário. Daribedor cometera um erro?  Colocou o pé sobre o marcador insignificante e observou.
                -...
                Nesse momento finalmente notou a segunda marca no chão, mas estava extremamente longe de onde ele estava parado. Pensando que fosse alguma brincadeira, foi olhar. Estranhamente, estava na distância onde normalmente haveria a terceira ou quarta marcação. E se não fosse um erro, então esse buraco teria duas vezes o tamanho do primeiro que cavara para enterrar aquele monstro gigante.
                O espírito do garoto despencou. Quanto trabalho vou ter pra fazer isso?
                Então, ficou aterrorizado. ...Qual o tamanho do monstro que precisa de um buraco tão grande?
                Percebeu então quanto tempo e esforço precisaria, e também entendeu a resposta da segunda questão. Era natural, no fim das contas. Mesmo que o monstro fosse menor que a cova, o buraco ainda poderia abrigar três tanques ou mais.
                - Os monstros possuem infinitos tamanhos, porém, o que têm em comum é que quanto maiores, mais fortes. – Lembrou-se das palavras de Corvo antes de tentar começar o trabalho. Corvo e as pessoas que estavam com ele planejavam lutar contra a criatura que ficaria no buraco que estava cavando? Se fosse o caso, teriam de rezar por proteção, pois pelas próprias palavras de Corvo, os demônios eram imortais.
                Suspirando, Muoru fincou a pá no chão e levantou a primeira pilha de terra. Com a mesma ação, cavou de novo, de novo, de novo, de novo, de novo...
                ...E apesar de quantas vezes repetiu aquilo, quando escureceu o buraco não estava nem pela metade.
                Mesmo estando acostumado com aquela atividade, podia-se esperar que ficasse cansado. Após todo o esforço de manhã para lavar a sujeira no reservatório, havia retornado totalmente para o estado imundo em que se encontrava antes. Mesmo sendo um prisioneiro, sua condição agora parecia algum tipo de punição. Mas se fosse o caso, por que exatamente estava sendo punido?
               
Foi uma acusação falsa. Eu não fiz nada de errado. Tocou seu peito com a mão, lembrando-se do que testemunhara pela manhã.
                Ao mesmo tempo, sentiu uma parte dele endurecer involuntariamente.
                Mesmo tendo sido um acidente, encontrar Meria enquanto ela tomava banho havia sido algo criminal.
                Pensara o dia todo em qual seria a melhor maneira de conversar caso se encontrassem. Sem dúvida, a primeira coisa deveria ser um pedido de desculpas. O que ele fizera fora vergonhoso, não havia palavras para descrever.





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